flor do cerrado
quinta-feira, 31 de julho de 2025
É claro que não quero voltar no tempo.
terça-feira, 29 de julho de 2025
Amores
Amores
Dois amores,
belos,
Trágicos
Intensos
Imaturos
Atravessados por ciúmes
Drogas
Paixão
Não amei mais
Não amei mais assim.
Houve violência,
Uma vez.
Basta a marca no braço
Tive amor calmo
Calmo demais.
Sou intensa em tudo que faço
Sou amorosa
Sinto falta de um amor
Amor prazeroso
Amor viajante
Amor cigano
Tive amores
Os quero
Rio de Janeiro
Flamengo
5 de fevereiro 2022
Por sinal neste dia nasceu um amor incompleto.
Trem Azul só por fora
Coração de sangue
Dormi feito rocha
Acordei feito sol
Voei feito pássaro
Conversei histórias de antes
Cortei, faca amolada
Salada
Farofa
Samba no pé
Coração de sangue?
23-02-2004
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Angústia.
Angústia.
Tenho mais passado que futuro.
Hoje isto bateu forte.
Penso
Coração bate forte a ponto de incomodar.
Vai explodir e sair pela boca.
As mãos tremem.
Angústia.
Respira, respira, devagar, devagar, devagar.
Gritos
Gritos
Minha irmã mais velha e a do meio estudaram no internato do colégio Sacrè Coeur du Jésus, me contavam coisas legais como o recreio jogando queimada, as festas internas, os chamados congès (feriados) e reclamavam da comida. Quando foram para o colégio ainda morávamos em Goiânia, em 1962 nos mudamos para o Rio de Janeiro, olhando com os olhos de hoje, não tinha o menor sentido manter a Iza no colégio.
Quando acabou a minha quarta série pedi para ir para o Colégio achando que ia ser ótimo .
Os dormitórios, no quais dormi, , davam para estrada da Tijuca.
Estudei no colégio no início 1965 até o meio do ano 1967.
Outro dia ouvindo o relato do Marcelo Rubens Paiva, caiu a minha ficha. Sempre dormi mal, sou asmática. Naquele lugar frio e úmido, era muito pior.
Escutava gritos e berros durante a noite, morria de medo. Pensei que eram castigos dados aos meninos do São Bento, internato em frente ao meu. Não podia supor que os gritos eram de militantes, vindos da delegacia perto da ladeira do colégio.
Paiva foi assasinado em 1971, mas não há encerrar este capítulo da nossa história, a onde está seu corpo?Ao lembrar daquelas noites horrorosas meu coração treme.
Todas as noites os mesmos gritos. Toda manhã cansada.Toda noite com asma. Toda noite dormindo quase nada.
Me dei conta há uns anos conversando com uma amiga que seu irmão estudava no São Bento, pedi para ela perguntar se os beneditinos batiam nos alunos. Os castigos eram semelhantes aos do Sacrè Coeur. Não sei quanto tempo duraram os gritos, fui expulsa do colégio.
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Janeiro 1973, minha primeira viagem para outro país. Viagem sem fim feita de ônibus, aproveitada minuto a minuto. Eu e meus cabelos encaracolados e o namorado barbudo fomos autuados pelas polícias do Brasil e do Uruguai, na fronteira. Ficamos uma noite na delegacia. Me apresentei como estudante e nós como alunos da escola de teatro Tablado, ninguém sabia o que era. Ficamos mais de 24 horas detidos. Medo muito medo. Mas não acharam nada, não ligaram para o Teatro. Simplesmente nos deixaram seguir. Desistimos de conhecer o Uruguai, em um banheiro da última parada trancei meu cabelo para não chamar atenção. Não me lembro quem nos indicou uma pensão, no coração da Calle Florida. Havia no prédio ao lado uma livraria muito boa, cafeteria e descolada, bares agradáveis e pessoas ótimas. Foram duas semana maravilhosas curtidos de um jeito prosaico os passeios, cafés e noites de bate papo com um jornalista.Optamos, por medo, voltar pelo Paraguai, a pior das ditaduras, Hugo Banzer. Nos vestimos com roupas caretas, cabelo trançado, Heitor com cara de estudante aplicado. Tremi, tremi de medo, medo. Ufa não aconteceu nada. Cruzamos a fronteira em um ônibus brasileiro, e com muito medo para o Paraná, a tal da Ponte da amizade, amizade com o fascismo, conversamos apenas sobre a beleza das cachoeiras, curtindo sem alardes a viagem.
Janeiro 1973, minha primeira viagem para outro país.
Viagem sem fim, feita de ônibus, aproveitada minuto a minuto.
Eu e meus cabelos encaracolados e o namorado barbudo fomos autuados pelas polícias do Brasil e do Uruguai, na fronteira. Ficamos uma noite na delegacia. Me apresentei como estudante e nós como alunos da escola de teatro Tablado, ninguém sabia o que era. Ficamos mais de 24 horas detidos. Medo muito medo. Mas não acharam nada, não ligaram para o Teatro. Simplesmente nos deixaram seguir. Desistimos de conhecer o Uruguai, em um banheiro da última parada trancei meu cabelo para não chamar atenção. Não me lembro quem nos indicou uma pensão, no coração da Calle Florida. Havia no prédio ao lado uma livraria muito boa, cafeteria e descolada, bares agradáveis e pessoas ótimas. Foram duas semana maravilhosas curtidos de um jeito prosaico os passeios, cafés e noites de bate papo com um jornalista.Optamos, por medo, voltar pelo Paraguai, a pior das ditaduras, Hugo Banzer. Nos vestimos com roupas caretas, cabelo trançado, Heitor com cara de estudante aplicado. Tremi, tremi de medo, medo. Ufa não aconteceu nada. Cruzamos a fronteira em um ônibus brasileiro, e com muito medo para o Paraná, a tal da Ponte da amizade, amizade com o fascismo, conversamos apenas sobre a beleza das cachoeiras, curtindo sem alardes a viagem.