quinta-feira, 31 de julho de 2025

É claro que não quero voltar no tempo.

Juventude bem vivida.
Dramas de amor
Filmes de terror que dava para ver da janela.
Era um tempo sem muitas cerimônias e com mais atenção. 
Há  agora uma  de desatenção generalizada e  todos encurralados em sua solidão. 
Este todos não é um plural magestático, é pura constatação.
Senti hoje mal estar ao ligar.  Mandar uma mensagem, não receber nem a desculpa que estava ocupado?
Tempinho chato, cheio de protocolos e mimi mi mis e poucos encontros. 
Muita solidão.
Juventude bem vivida.
Dramas de amor.
Filmes de terror vistos da janela.
Era um tempo sem muitas cerimônias e com mais atenção. Agora a desatenção é generalizada e todos encurralados em sua solidão. 
Este todos não é plural majestático é pura constatação.
Senti mal-estar hoje ao telefonar? 
Coisa esquisita.Restou mandar uma mensagem, não receber nem a desculpa que estava ocupado.
Tempinho chato, muitos de protocolos e poucos encontros, muita solidão e diagnósticos de depressão.Enquanto isto os laboratórios fazem farra com os lucros do caos psiquico.

 


terça-feira, 29 de julho de 2025

Amores

 Amores

Dois amores,

belos,

Trágicos 

Intensos

Imaturos

Atravessados por ciúmes 

Drogas

Paixão 

Não amei mais 

Não amei mais assim.

Houve violência,

Uma vez.

Basta a marca no braço 

Tive amor calmo

Calmo demais.

Sou intensa em tudo que faço 

Sou amorosa

Sinto falta de um amor

Amor prazeroso 

Amor viajante

Amor cigano

Tive amores 

Os quero

Rio de Janeiro 

Flamengo 

5 de fevereiro 2022

Por sinal neste dia nasceu um amor incompleto.


Trem Azul só por fora

Não há melhor lugar do que o metrô refletir. 
Desde que existe uso. Noto que o nível de gentileza é decrescente entre os jovens. 
Não cedem o lugar para os muitos idosos, para os deficientes e aí de quem reivindicar os direitos que lhes cabem.
A temperatura sobe a cada dia. Ontem não vi a hora que ia rolar uma briga grave, felizmente perigo saltou em Botafogo, uma passageira deu o lugar para Sra de cabelos brancos. A agressora recusou ceder um lugar na barra para a Sra se apoiar. 
Trem lotado, barulhento, os rompantes da agressora passaram desapercebidos. 
Triste, a gentileza tem se tornado uma raridade. Chega em Botafogo o vagão se esvazia, a paz volta a reinar. 

Coração de sangue

 

Dormi feito rocha

Acordei feito sol

Voei feito pássaro

Conversei histórias de antes

Cortei, faca amolada

Salada

Farofa

Samba no pé

Coração de sangue?

23-02-2004


quinta-feira, 17 de julho de 2025

Angústia.

  Angústia.

Tenho mais passado  que futuro.

 Hoje isto bateu forte.

Penso 

Coração bate forte a ponto de incomodar.

Vai explodir e sair pela boca.

As mãos tremem.

Angústia.

Respira, respira, devagar, devagar, devagar.


Gritos

 

  • Gritos 

 Minha irmã mais velha e a do meio estudaram no  internato do colégio Sacrè Coeur du Jésus, me contavam coisas legais como o recreio jogando queimada, as festas internas, os chamados congès (feriados) e reclamavam da comida. Quando foram para o colégio ainda morávamos em Goiânia, em 1962 nos mudamos para o Rio de Janeiro, olhando com os olhos de hoje, não tinha o menor sentido manter a Iza no colégio. 

Quando acabou a minha quarta série pedi para ir para o Colégio achando que ia ser ótimo .

Os dormitórios, no quais dormi, , davam para estrada da Tijuca. 

Estudei no colégio no início 1965 até o meio do ano 1967.

Outro dia ouvindo o relato do Marcelo Rubens  Paiva, caiu a minha ficha. Sempre dormi mal, sou asmática. Naquele lugar frio e úmido, era muito pior.

Escutava gritos  e berros durante a noite, morria de medo. Pensei que eram castigos dados aos meninos do São Bento, internato em frente ao meu.  Não podia supor que os gritos eram de militantes, vindos da delegacia perto da ladeira do colégio.

Paiva foi assasinado em 1971, mas não há encerrar este capítulo da nossa história, a onde está seu corpo?Ao lembrar daquelas noites horrorosas meu coração treme.  

Todas as noites os mesmos gritos. Toda  manhã cansada.Toda noite com asma. Toda noite dormindo quase nada.

Me dei conta há uns anos conversando com uma amiga que  seu irmão estudava no São Bento, pedi para ela perguntar se os beneditinos batiam nos alunos. Os castigos eram semelhantes aos do Sacrè Coeur. Não sei quanto tempo duraram os gritos, fui expulsa do colégio.



segunda-feira, 7 de julho de 2025

Janeiro 1973, minha primeira viagem para outro país. Viagem sem fim feita de ônibus, aproveitada minuto a minuto. Eu e meus cabelos encaracolados e o namorado barbudo fomos autuados pelas polícias do Brasil e do Uruguai, na fronteira. Ficamos uma noite na delegacia. Me apresentei como estudante e nós como alunos da escola de teatro Tablado, ninguém sabia o que era. Ficamos mais de 24 horas detidos. Medo muito medo. Mas não acharam nada, não ligaram para o Teatro. Simplesmente nos deixaram seguir. Desistimos de conhecer o Uruguai, em um banheiro da última parada trancei meu cabelo para não chamar atenção. Não me lembro quem nos indicou uma pensão, no coração da Calle Florida. Havia no prédio ao lado uma livraria muito boa, cafeteria e descolada, bares agradáveis e pessoas ótimas. Foram duas semana maravilhosas curtidos de um jeito prosaico os passeios, cafés e noites de bate papo com um jornalista.Optamos, por medo, voltar pelo Paraguai, a pior das ditaduras, Hugo Banzer. Nos vestimos com roupas caretas, cabelo trançado, Heitor com cara de estudante aplicado. Tremi, tremi de medo, medo. Ufa não aconteceu nada. Cruzamos a fronteira em um ônibus brasileiro, e com muito medo para o Paraná, a tal da Ponte da amizade, amizade com o fascismo, conversamos apenas sobre a beleza das cachoeiras, curtindo sem alardes a viagem.



Janeiro 1973, minha primeira viagem para outro país.

Viagem sem fim, feita de ônibus, aproveitada minuto a minuto.

Eu e meus cabelos encaracolados e o namorado barbudo fomos autuados pelas polícias do Brasil e do Uruguai, na fronteira. Ficamos uma noite na delegacia. Me apresentei como estudante e nós como alunos da escola de teatro Tablado, ninguém sabia o que era. Ficamos mais de 24 horas detidos. Medo muito medo. Mas não acharam nada, não ligaram para o Teatro. Simplesmente nos deixaram seguir. Desistimos de conhecer o Uruguai, em um banheiro da última parada trancei meu cabelo para não chamar atenção. Não me lembro quem nos indicou uma pensão, no coração da Calle Florida. Havia no prédio ao lado uma livraria muito boa, cafeteria e descolada, bares agradáveis e pessoas ótimas. Foram duas semana maravilhosas curtidos de um jeito prosaico os passeios, cafés e noites de bate papo com um jornalista.Optamos, por medo, voltar pelo Paraguai, a pior das ditaduras, Hugo Banzer. Nos vestimos com roupas caretas, cabelo trançado, Heitor com cara de estudante aplicado. Tremi, tremi de medo, medo. Ufa não aconteceu nada. Cruzamos a fronteira em um ônibus brasileiro, e com muito medo para o Paraná, a tal da Ponte da amizade, amizade com o fascismo, conversamos apenas sobre a beleza das cachoeiras, curtindo sem alardes a viagem.