quarta-feira, 1 de novembro de 2023

31 de março foi divertido lá em casa

31 de março foi um dia animado lá em casa

Um tal de comprar comida, coisa gostosa, muito feijão, acho que nunca vi tanto feijão lá casa, lata de biscoito Aimoré, leite condensado, chocolate. Mas para que compraram um fogareiro “Jacaré”? Lá em casa tinha fogão. Não era um fogão grande, de seis bocas, mas era bem bom. Para que um fogareiro em plena Copacabana no apartamento? Nunca acampávamos, não fazíamos viagens de aventura? Para que um fogareiro? O pior ninguém me explicava. A resposta era: pode precisar.
O que mais me intrigou naquele dia foram os cochichos, tudo foi feito para eu não ouvir nada. Já que só tinha eu e Maria em casa. Maria era uma irmã de criação, era ligeiramente deficiente, atualmente diríamos border line, não era motivo de preocupação. O problema era comigo. Porque?
Meu pai não largava o telefone, olha que ele detestava ficar conversando muito tempo no telefone. _“Conversa é bom pessoalmente, telefone só pra recado.”
Meu pai gostava de uma prosa e conversar sobre História. Acho que aprendi a gostar de História, ele inha a biografia de vários generais alemães, livros sobre a segunda guerra e me contava histórias da guerra. Pearl Harbor eu aprendi de cor quase.
Mesmo se asma minha mãe falou para eu não ir à escola, pior que não pude  ir à praia para aproveitar o dia, que se não me esqueci, era um dia de sol. Adorava praia. Nadava até o fundo só pra ver o Cristo por trás dos prédios. Nessa época não fazia isso ainda, eu tinha oito anos nesse trinta de março. Fiquei em casa o tempo todo. Isso foi chato.
Minha mãe ocupada em organizar tudo. Ela não pode ser chamada de uma mãe clássica para os padrões dos anos 50 e 60: não sabia costurar, cozinhar, passar nem se fala, abrir lata, até hoje não sabe. Mas é ótima gerente. Lá em casa sempre tinha de tudo,  açúcar cândi no domingo não faltava.
Domingo era ótimo; lasanha com muito molho, uma delícia, Coca cola e chocolate, tinha um bolo de chocolate que só havia lá em casa.
Não éramos uma família tradicional, nessa época meus pais “ficavam”, acho que foram eles que inventaram o ficar. Forma de relacionamento descompromissada da década de noventa. Meu pai morava em Goiânia e nós, as minhas irmãs e eu, aqui no Rio com a minha mãe. Eles dormiam juntos quando ele vinha, aí ficava um tempão sem ele aparecer, quando voltava era a mesma coisa. Julho e dezembro sempre voltavamos a Goiânia: as féria eram sagradas. Eles também dormiam juntos. Isso só foi mudar pouco antes do casamento da Sônia, em 1967, minha irmã mais velha. Eles separaram mesmo.
Minhas irmãs estudavam no Sacrè Coeur de Jésus, lá no alto da Boa Vista. Eu tinha uma certa inveja delas, tinham 180 meninas para brincar, faziam o dava na telha, eu pensava. Era um colégio interno para elite. Naquela época era usual as famílias que queriam uma boa formação colocarem os filhos nos internatos. 
Ouvia sempre essa frase: não se economiza com saúde e educação. São bens maiores. Coerentes com essa proposta, meu pais que moravam nessa época em Goiânia, mandaram as meninas para o Rio, Sônia tinha 14 e a Iza 9. Que maldade... duas garotas criadas na rua 25, brincando na rua, soltas, completamente soltas. Goiânia naquela época era uma cidade pequena, vizinhos se conheciam e entravam sem avisar uns nas casas dos aos outros. As portas só se fechavam à noite.
As ruas eram de pessoas sem medos. Menos eu. Morria medo do Zé Doidim, era muito feio, andava com um saco nas costas, dormia no coreto na Praça do Correio. Tinha medo de ele me pegar. Não gostava nem de olhar a cara dele. Morria de medo. Mas mesmo assim tentava brincar na rua com as crianças mais velhas. Era uma delícia. Até botarem os pequenos pra correr quando completava o time.

1 de abril foi um dia animado lá em casa.

 1 de abril  foi um dia animado lá em casa

Um tal de comprar comida, coisa gostosa, muito feijão, acho que nunca vi tanto feijão lá casa, lata de biscoito Aimoré, leite condensado, chocolate. Mas para que compraram um fogareiro “Jacaré”? Lá em casa tinha fogão. Não era um fogão grande, de seis bocas, mas era bem bom. Para que um fogareiro em plena Copacabana e num apartamento? Nunca acampamos, não fazíamos viagens de aventura? Para que um fogareiro? O pior ninguém me explicava. A resposta era:_ pode precisar.
O que mais me intrigou naquele dia foram os cochichos, tudo foi feito para eu não ouvir nada. Já que só tinha eu e Maria em casa. Maria era uma “irmã de criação”, era ligeiramente deficiente, atualmente diríamos border line , não era motivo de preocupação. O problema era comigo. Porque?
Meu pai então, não largava o telefone, olha que ele detestava ficar conversando muito tempo no telefone. _“Conversa é bom pessoalmente, telefone só pra recado.”
Meu pai gostava de uma prosa e conversar sobre História. Acho que aprendi a gostar de História com ele. Ele tinha a biografia de vários generais alemães, livros sobre a segunda guerra e me contava histórias da guerra. Pearl Harbor eu aprendi de cor quase.
Sem eu estar com asma minha mão falou para eu não ir à escola, pior que não pude nem ir à praia para aproveitar o dia, que se não me esqueci, era um dia de sol. Adorava praia. Nadava até o fundo só pra ver o Cristo por trás dos prédios. Nessa época não fazia isso ainda, eu tinha oito anos nesse trinta de março. Fiquei em casa o tempo todo. Isso foi chato.
Minha mãe ocupada em organizar tudo. Ela não pode ser chamada de uma mãe clássica para os padrões dos anos 50 e 60: não sabia costurar, cozinhar, passar nem se fala, abrir lata, até hoje não sabe. Mas é ótima gerente. Lá em casa sempre tinha de tudo. Tudo muito organizado. Açúcar cândi no domingo sempre tinha.
Domingo era ótimo; lasanha não faltava, com muito molho, uma delícia, Coca cola e chocolate, tinha um bolo de chocolate que só tinha lá em casa.
Não éramos uma família tradicional, nessa época meus pais “ficavam”, acho que foram eles que inventaram o ficar. Forma de relacionamento descompromissada da década de noventa. Meu pai morava em Goiânia e nós, as minhas irmãs e eu, aqui no Rio com a minha mãe. Eles dormiam juntos quando ele vinha, aí ficava um tempão sem ele aparecer, quando voltava era a mesma coisa. Julho e dezembro sempre voltavamos à Goiânia: as féria eram sagradas. Eles também dormiam juntos. Isso só foi mudar pouco antes do casamento da Sônia, em 1967, minha irmã mais velha. Eles separaram mesmo.
Minhas irmãs estudavam no Sacrè Coeur de Jésus, lá no alto da Boa Vista. Eu tinha uma certa inveja delas, tinham 180 meninas para brincar, faziam o dava na telha, eu pensava. Era um colégio interno para elite. Naquela época era usual as famílias que queriam uma boa formação colocarem os filhos nos internatos. Prática considerada atualmente de facista.
Ouvia sempre essa frase: não se economiza com saúde e educação. São bens maiores. Coerentes com essa proposta, meu pais que moravam nessa época em Goiânia, mandaram as meninas para o Rio, Sônia tinha 14 e a Iza 9. Que maldade... duas garotas criadas na rua 25, brincando na rua, soltas, completamente soltas. Goiânia naquela época era uma cidade pequena, vizinhos se conheciam e entravam sem avisar uns nas casas dos aos outros. As portas só se fechavam à noite.
As ruas eram de pessoas sem medos. Menos eu. Morria medo do Zé Doidim, era muito feio, andava com um saco nas costas, dormia no coreto na Praça do Correio. Tinha medo de ele me pegar. Não gostava nem de olhar a cara dele. Morria de medo. Mas mesmo assim tentava brincar na rua com as crianças mais velhas. Era uma delícia. Até botarem os pequenos pra correr quando completava o time.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Paquetá

Me lembro de um Pick Nick com meus pais em Paquetá. Usava um maiosinho vermelho escuro, com debrum azul Marinho, as alças amarravam o pescoço e as costas. A malha era grossa com pouca elasticidade. Não tinha medo nenhum, tinha aprendido a nadar na piscina da Tia Gercina, a única coisa que me impede de entrar até hoje é a temperatura da água. Minha mãe usava saia, meu pai de calção, um tipo de bermuda mais curta. Enfim só apenas eu, bem no rasinho curti a  praia  a que eu podia pintar e bordar sem nenhum problema.

A bomba de chocolate

Não me lembro se tinha 11 ou 12 anos, uma diferença considerável nos degraus da puberdade. Estudava no internato do Sacré Coeur du Jesus, isto mesmo na época a cultura francesa dominava e nos colonizava.  Era très élégant  falar francês. Obviamente não gostava da vida presa. Nada melhor do que um passeio à praça Saens Penha, em uma viagem curtinha de bonde  poderia chegar à Manon, confeitaria deliciosa. Cabe lembrar que estava há semanas sem ir em casa de  castigo por alguma indisciplina tão boba que não me lembro.Voltando à praça, cinemas maravilhosos, muitas lojas de vestidos de noiva, próximas da Escola Normal e do Colégio Militar. Não é  atoa que  era o cenário predileto do Nelson Rodrigues, ambiente de puro conservadorismoMinhas amigas e eu dinheirinho para comer bomba de chocolate, delícia!Enquanto isto as freiras se desesperam e nós voltamos na "santa" paz para o Colégio.Devo confessar que meus dias no colégio pioraram, mais um fim de semana sem ir para casa e sem sobremesa.

sábado, 24 de junho de 2023

Marina e o IBAMA.Lidei com o IBAMA 30 anos. O que o faz forte é a sua independência.O processo de liciamento tem 3 partes: Licença Prévia: Verifica a viabilidade do que se pretende realizar e estabelece as diretrizes básicas para se obter a LI ( Licença de Instalação) e LO (Licença d e Operação). Durante esta fase são realizados estudos de viabilidade, ambientais, engenharia etc. Conseguida esta Licença, as obras podem ser iniciadas.É comum e louvável, um ir e vir do projeto para o IBAMA para correções.Não vejo porque tanta celeuma entorno de uma sugestão para uma revisão, inclusive de alternativa locacional comum em se tratando de plataformas.Participei de 9 estudos de plataformas, algumas mudaram de lugar, não houve esta gritaria. As redes sociais não ocupavam o espaço que tem hoje, uma grande diferença.A discussão se dava no plano técnico e político com a população interessada nas audiências públicas. Participei em posição contrária em audiência pública em estádio de futebol, o projeto não foi para frente.

Coisa de mãe.Tudo que conto poderia ser ilustrado com fotos. Mas a minha pensou que a minha adolescência poderia ser apagada rasgou as fotos. Não contava que eu teria uma memória e tanto. Por acaso namorei com fotógrafos, as fotos reveladas se foram. Fui à casa de um ex ele tinha uma bela coleção, achei que algum dia poderia voltar, a roda da vida girou e fui parar em Viçosa, Marcio detestava fotos. Daí por diante tirei eu mesma fotos. Ainda as tenho. Minha filha é boa fotógrafa, mas não liga para as suas. Tive amigos fotógrafos e cineastas, que também não guardaram fotos.Ainda bem que tenho memória.