terça-feira, 13 de janeiro de 2009

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: DISCURSOS E PRÁTICAS

Em 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, em um relatório que se tornaria famoso, lançou o conceito de Desenvolvimento Sustentável .
A CMMAD foi criada, em 1983, pela Assembléia Geral da ONU, onze anos depois da Conferência de Estocolmo, a Comissão é composta por 23 países membros da ONU, sendo que 12 eram do Terceiro Mundo, 7 do mundo industrializado e 4 do antigo bloco comunista sob a presidência da Sra. Gro H. Brundtland, primeira Ministra da Noruega. Entre março de 1985 e fevereiro de 1987, a CMMAD realizou estudos e pesquisas sobre as condições ambientais do planeta. O resultado desses trabalhos foi o relatório publicado em 1987: Nosso futuro comum.
As críticas ao desenvolvimentismo, por volta dos anos 60, haviam começado a se tornar mais difusas, explícitas e radicais. Restritas inicialmente a teóricos das ciências sociais e à política partidária, essas críticas difundiam-se pouco a pouco entre a juventude, principalmente os estudantes e, mais ou menos em 1960, começaram os movimentos de reação mais organizada. Pode-se dizer que as décadas de 70 e 80 foram tempos de uma certa ebulição no terreno da ecologia: o consumo indiscrimidado de recursos naturais como, água, solo, florestas, minerais, ao qual se somava a crescente deterioração física do ambiente, que se exacerbava a cada dia.
E assim foi que, de modo cada vez mais insistente e generalizado, governos e empresas passaram a ser chamados a explicar e justificar o preço cobrado da vida e das sociedades humanas pelo desenvolvimento.
As respostas prentensamente mais expressivas davam-se muitas vezes,  como ainda acontece , sob a forma de criação de novos organismos oficiais, com a incumbência específica de solucionar os problemas referentes à qualidade da vida. Como disse Castoriadis:

Os economistas descobriram imediatamente um novo e promissor terreno para seus deleitáveis exercícios de álgebra elementar... os indicadores econômicos foram completados com ‘indicadores de bem estar’ e novas linhas e colunas foram acrescentadas às matrizes das relações interindustriais... a questão ambiental não era discutida senão do ponto de vista dos ‘custos’ e dos ‘rendimentos’, e do possível impacto das medidas de controle da poluição sobre as taxas de crescimento do PNB; esse impacto ameaçava ser negativo, mas, ele bem poderia ser afinal compensado pelo crescimento da nova ‘indústria do controle da poluição’... (Castoriadis: 1987:120)


Os postulados teóricos consubstanciais à ideologia desenvolvimentista, que assume plena forma a partir da eclosão das sociedades industriais modernas, baseia-se num sistema de valores que coloca na acumulação crescente de bens materiais o objetivo fundamental das sociedades. Crença numa onipotência virtual da técnica e da ciência, convicção de que o homem e a sociedade são naturalmente predestinados ao progresso, que a base material do crescimento  a natureza  é inesgotável, a ciência todo poderosa e finalmente, a confiança numa suposta racionalidade dos mecanismos econômicos são algumas das idéias que, mais generalizadamente, de forma consciente ou inconsciente, mantém e reforça a ideologia desenvolvimentista que no início, mais confinada ao Ocidente, hoje se tornou planetária.
É como se houvesse uma força maior, provocando uma certa surdez às advertências. O próprio Castoriadis no mesmo artigo aqui citado, isto é em 1987 , caracterizara em cores fortes, conseqüências desse entusiasmo desenvolvimentista:

A conseqüência foi que este planeta no qual ao longo de bilhões de anos, se compusera um bio-sistema equilibrado, que comporta milhões de espécies vivas diferentes; onde, ao longo de centenas de milhares de anos, as sociedades conseguiram criar para si um habitat material e mental... (e onde), apesar da miséria, da ignorância, da exploração, das superstições e das crueldades, essas sociedades conseguiram criar para si, a um só tempo, maneiras bem adaptadas de viver... (Castoriadis, 1987:129)

E de repente se verificou que o futuro, mais que isto, que um futuro depende de um esforço de buscar juntos

...um uso ótimo para a base de recursos com que ainda contamos em escala planetária, e redefinirmos os objetivos que possam ser alcançados sem degradar o planeta e ameaçar a sobrevivência das novas gerações. (Benjamin, 1993:12)

Também na área científica propriamente dita, não faltaram advertências. Em 1986, na Universidade de Harvard os professores Wilsom e Ehrlich, afirmam na Scientific America:

O processo em curso (neste fim de século) que exigirá milhões de anos para ser corrigido, é a perda da diversidade genética, por causa da destruição dos habitats naturais. E a loucura que nossos descendentes terão a maior dificuldade de nos perdoar.... Há poucos problemas menos reconhecidos e mais importantes do que o desaparecimento acelerado dos recursos biológicos da Terra. Empurrando as outras espécies para extinção. A humanidade está cerrando energicamente o galho em que está assentada. (apud: Castoriadis: 1987)

Essas reações ocorriam quando já se verificava a abertura de um certo espaço para acordos, promovido pela Conferência de Estocolmo. Depois de 1972, começara a atenuar-se, entre vários economista e formuladores de política dos países desenvolvidos, a radicalidade da rejeição à ética do crescimento. Expandiu-se a dúvida no sentido de que a demanda do crescimento econômico fosse necessariamente adversa a uma administração correta do ponto de vista das exigências ecológicas fundamentais. Quem sabe nem seria o crescimento econômico a maior causa dos desastres ambientais? Quem sabe não seria ele até mesmo necessário para uma melhoria generalizada da qualidade ambiental, bastando apenas que fosse sustentável?
Nesse clima, O Nosso Futuro Comum encontrará a acolhida conciliadora que se esperava por ocasião de seu lançamento na Assembléia Geral da ONU de 1987.
Macneil ,Winsemius e Yakshiji  em livro publicado 1992, ilustram as características do novo espírito inaugurado em 1987.

Se a atividade econômica deve resultar em formas sustentáveis de desenvolvimento, o meio ambiente não pode ser considerado um fator separado da tomada de decisões econômicas e secundário em relação a estas; deve ser plenamente integrado no processo decisório nas áreas do governo, da indústria e da família, no tocante à atividade econômica. (1992:45)

Nessa perspectiva são considerados “os imperativos estratégicos para o desenvolvimento sustentável formulados pela CMMAD” apresentados por Macneill, Winsemius, Yakshiji (1992:32) :

Crescimento suficiente para satisfazer as necessidades e aspirações humanas e uma distribuição mais eqüitativa dos frutos do crescimento dentro e entre nações; as nossas reservas em declínio de capital ecológico devem ser conservadas e aumentadas, e o montante de energia e de recursos naturais contido em cada produto deve ser reduzido; e, sobretudo, o ambiente e a economia devem ser integrados em todas as nossas principais instituições detentoras de poder decisório - governo indústria e família. (1992:32)

Onze anos passados a partir dos fatos mencionados, referentes à década de 1980: de um lado a gravidade das denúncias sobre os desastres ambientais, de outro o Relatório Brundtland e as esperanças que despertava no sentido de reversões no catastrófico quadro ecológico mundial.
A questão preocupante atual é: Que mudanças, que melhorias significativas ocorreram no plano ambiental nesta última década?
No presente momento, que perspectivas se delineariam a um olhar que, situado no Brasil, pretenda uma avaliação dos resultados, das recomendações e propostas ventiladas pelo Relatório Brundtland? Este contém sugestões teóricas e medidas práticas. Mesmo criticáveis, suas propostas tiveram grande repercussão, como já foi acentuado aqui e, teoricamente, continuam figurando como referência central nos debates.
No plano prático, porém, que mudanças concretas, ou melhor, qual a eficácia das mudanças produzida pelas conclusões do Relatório Brundtland?
Se o resultado deixa a desejar, a que atribuir o insucesso?
Aos teóricos, o conteúdo do Relatório Brundtland parece ter interessado. Pelo menos, no que diz respeito ao conceito de desenvolvimento sustentável, que vem sendo objeto de interpretações diversas e, historicamente se alterando em relação ao seu sentido original. A sua validade será resultante dessa multiplicidade de interpretações e não aquela que lhe seria própria no momento no momento de sua concepção. Mesmo porque, embora, não tenha transcorrido ainda tanto tempo depois de seu lançamento, a apreensão de seu sentido inicial já não nos seria possível. Já vivemos em outra fase histórica.
Mas o que particularmente interessa é perceber as possibilidades atribuídas ao referido conceito, sob essa ou aquela interpretação. Interessa discernir se o desenvolvimento sustentável é realmente um caminho e, em caso positivo, qual o seu traçado.
Por outro lado, como se colocava nessas circunstâncias, por parte, principalmente, dos teóricos do assunto, a visão ecológica? Quais são suas exigências intrínsecas?
Segundo Accot (1990:171)

... no fim dos anos 70, o ecologismo tornara-se uma visão de mundo, um modo de vida mais do que uma corrente mais ou menos organizada de defesa da natureza. Hoje já não existe mais nenhum problema social que ele não pretenda resolver.

Em síntese, no referido relatório o, Desenvolvimento Sustentável deveria atender “às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras também atenderem às suas;” é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras; é um “desenvolvimento que mantém as opções futuras;” é uma correção, uma retomada do crescimento, alterando a qualidade do desenvolvimento. Trata-se, em última análise, de reduzir o ritmo da exploração da natureza de maneira a legar recursos para os que virão.
No sentido dessa diversidade de interpretações, seguem-se alguns exemplos escolhidos segundo o critério da importância ou repercussão de seus autores:
Acselrad (1993:5), em uma análise da proposta do Relatório Brundtland, diz que ela reconhece a incapacidade do cálculo econômico capitalista considerar os limites da natureza, mas tenta aplicar a lógica da produtividade à economia da natureza  não desperdiçar os ares ou os mares naquilo que deles se necessita para dar continuidade aos processos produtivos.
Na concepção Do Nosso Futuro Comum, o Desenvolvimento Sustentável, tem um caráter conservador, na medida em que é entendido dentro de marcos tradicionais da teoria econômica clássica e concebido como sinônimo de crescimento sustentável. Mas, de acordo com os teóricos da economia ecológica há uma contradição entre os termos crescimento e sustentável. Para Brooks, por exemplo,

sustentabilidade é um termo do vocabulário ecológico e diz respeito à tendência dos ecossistemas à estabilidade, ao equilíbrio dinâmico, a funcionarem na base da interdependência e da complementaridade, reciclando matérias e energias, os dejetos de uma forma viva, sendo o alimento de outra; os ecossistemas são tanto mais estáveis quanto mais complexos e diversos, e sua permanência é função deste equilíbrio. ( apud. Herculano: s.d. 25

Portanto, a idéia de sustentabilidade remete às noções de estabilidade e de ciclos. Crescimento tal como concebido nos termos histórico-capitalistas, é expansão, uniformidade, homogeneidade e desigualdade.
De acordo com a conclusão da pesquisa a O que o brasileiro pensa do meio ambiente, do desenvolvimento e da sustentabilidade a coordenada por Samyra Crespo (1998:10)

Ninguém mais tem dúvida da pertinência das questões ambientais. O que descalibrou o debate entre ambientalistas e ecologistas foram simultaneamente uma visão menos polarizada do mundo  conseqüência da bancarrota do sistema comunista  e o conceito de desenvolvimento sustentável. Também contribuiu o aumento da influência da pauta social junto ao ambientalistas e vice-versa. O socioambientalismo e o conceito de desenvolvimento sustentável ligam definitivamente a temática social à ambiental... Deste modo, segundo lideranças históricas do movimento ambiental brasileiro, os ambientalistas estão superando antigas diferenças que fragmentavam sua ação e se tornando sustentabilistas, terreno que propicia o consenso.

Embora Crespo aponte para um consenso, afirmando que o debate entre ecologistas e ambientalistas foi superado, considero pertinente o reconhecimento de que ainda subsistam tendências e correntes de pensamento que atribuem significados distintos ao conceito de desenvolvimento sustentável. E estes significados são construídos a partir das convicções ou posições políticas dos diversos atores sociais. Pode-se afirmar que há um certo acordo quanto à necessidade de se buscar um desenvolvimento sustentável. Mas não há um consenso sobre as suas características e exigências. Nem poderia haver pois se trata de categoria complexa que envolve questões filosóficas, sociológicas e políticas que são em si mesmas objeto de disputas.
Acselrad (1995:1-25) faz um mapeamento das principais matrizes discursivas associadas à noção de sustentabilidade relacionada ao desenvolvimento do qual extraí algumas referências úteis ao desenvolvimento aqui proposto:

1. Discurso da eficiência

Esta matriz abriga os otimistas tecnológicos, que acreditam na capacidade do sistema de preços induzir tecnologias limpas, ou na ação da mão invisível intergeracional, que garantirá a máxima satisfação dos interesses presentes e transmitirá um mundo mais produtivo para as gerações futuras; os partidários do livre comércio, que o vêem como meio de produzir recursos para proteger o meio ambiente; e os que acreditam que as correções das falhas do mercado e das distorções governamentais do sistema de preços garantirão a eficiência global.
A proposição central nesse discurso sobre a sustentabilidade é a busca da eficiência na utilização dos recursos do planeta. Adotando-se do ponto de vista de uma razão prática e utilitária, a lógica da eficiência insere o homem em processos culturais de adptação entre meios e fins. Mas o ponto central da sustentabilidade, nessa ótica, é o combate ao desperdício na base material do desenvolvimento, a sustentação do mercado como instância reguladora do bem estar dos indivíduos na sociedade. Para concretização destas propostas deveriam ser criadas taxas para a internalização das externalidades – água, ar, solo, etc., reforma dos sistemas fiscais que corrigiriam as distorções responsáveis pela degradação ambiental.

2. Discurso da escala

É partilhado por Neomalthusianos, economistas ecológicos, pessimistas tecnológicos e todos que associam a sustentabilidade ao estabelecimento de limites quantitativos ao crescimento econômico. Para estes a eficiência deve ser aliada à suficiência.
A redução do consumo global dos recursos pode ser alcançada pela redução nos níveis de consumo per capita dos recursos, e pela redução da população. Os instrumentos apresentados para isto são o controle demográfico e a autolimitação dos níveis de consumo. Aponta-se também para a redução dos níveis de crescimento econômico dos países pobres. A necessidade de arbitrar entre objetivos de escala, alocação eficiente e distribuição evoca critérios éticos sobre o padrão das relações sociais. Nessa matriz, a sustentabilidade é articulada à explicitação de padrões éticos.

2. Discurso da eqüidade

Os pobres são as principais vítimas da degradação ambiental, e portanto a eqüidade é o princípio que rege a sustentabilidade. Há portanto, uma articulação inseparável entre ecologia e justiça social. Para estes a raiz da degradação ambiental é a desigualdade social. Embora o mundo seja interligado ecologicamente, é socialmente fragmentado entre classes, regiões. A questão da pressão agregada sobre os recursos ambientais é permeada pelas temáticas da disparidade distributiva, da dependência financeira, da desigualdade no controle dos mecanismos de comércio e dos fluxos de tecnologia. Estes mecanismos são originários da correlação desigual de forças econômicas e políticas que regulam o acesso das classes sociais, e países à base material do desenvolvimento. A sustentabilidade seria decorrente da submissão do mercado às leis de rendimento da natureza.

3. Discurso da auto-suficiência

Em paralelo ao discurso da eqüidade, emergem propostas de preservação e construção das condições de auto-suficiência econômica de comunidades de produtores ameaçados pela difusão homogeinizadora das relações mercantis e monetárias. Essas comunidades seriam sustentáveis por desenvolverem relações tradicionais com o meio físico natural do qual depende sua sobrevivência.
Outra vertente do discurso da auto-suficiência dirige-se contra os propósitos do livre-comércio. A globalização da economia, através da abertura comercial, tenderia a estimular os mecanismos da competitividade  baixos salários e sobreexploração da natureza.


4. Discurso da ética

Destacam-se aqui os interesses das ações que têm por objeto uma base material biofisicamente comum, interligando espaços, homens e tempos. Reconhece que tais ações e os juízos que sobre elas se aplicam, dão-se em condições de acentuada desigualdade jurídica, econômica e política de acesso ao espaço ambiental pelos distintos atores sociais. Nesta matriz, são enfatizadas as questões relativas aos fins socialmente desejáveis e a possibilidade de fins alternativos que limitariam a produção material crescente como fim último.
Ainda que freqüentemente subordinada ao discurso da eqüidade, a proposta ética associada à sustentabilidade é um discurso sobre deveres e obrigações morais relativos às condições de existência da vida.

Em sua conclusão Acsrald (1995) explicita seus próprio pontos de vista: defende que não faz sentido dissociar as relações técnicas entre o meio ambiente e a configuração histórica das sociedades. Sustentáveis são as formas sociais de apropriação dos recursos naturais. A discussão sobre a sustentabilidade deveria ser, então, colocada no campo das lutas sociais. A insustentabilidade é fundamentalmente sócio política e não ambiental no seu sentido estrito.
A perspectiva democrática encara a extensão territorial e o meio ambiente os suportes da diversidade sociológica: topografias, ecossistemas, clima, biomas e solo, entrelaçam-se com práticas sociais de apropriação do espaço. Mas essa valorização da heterogeneidade cultural e da democratização do controle sobre o meio ambiente não pode ser reduzida a uma articulação funcional da diversidade social aos propósitos do modelo do desenvolvimento atual. Deve-se ver na diversidade de experiências do movimento social sua potencialidade em fazer emergirem dele as propostas alternativas ao desenvolvimento tal como hoje é colocado
Neste trabalho o discurso e a interpretação empresarial do conceito de desenvolvimento sustentável e o reflexo desta em suas práticas no Brasil me interessam particularmente, por constituírem o grupo que mais constantemente tem sido chamado para responder sobre as questões de ordem ambiental.
A inserção, dos empresários de forma mais organizada, no debate sobre o desenvolvimento sustentável, em nível internacional, deu-se a partir de 1990 ,quando Maurice Strong, secretário geral da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que se realizaria no Rio de Janeiro, em junho de1992, solicitou a Stephan Shimidheiny, seu conselheiro em indústria e comércio que apresentasse a perspectiva empresarial sobre o tema. Para tanto foram convocados cerca de 50 empresários, os quais organizaram o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável BCSD. O Brasil foi representado por Eliezer Batista, então presidente da Vale do Rio Doce e Erling Lorentz presidente Aracruz-celulose.
Este grupo produziu o documento Mudando de rumo: uma perspectiva empresarial global sobre desenvolvimento e meio ambiente. Ele baseou-se em estudos de caso de algumas empresas e se propõe a fornecer meios para que o empresariado se adaptar às mudanças exigidas pelo desenvolvimento sustentável.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável - CEBDS, seção brasileira do BSCD foi instalado, em 5 de março de 1997. Este conselho lançou em 17 de dezembro do mesmo ano o Relatório de Sustentabilidade Empresarial, que engloba as empresas vinculadas ao CEBDS, dos setores siderúrgico, mineração, química, petroquímica, papel e celulose, energia elétrica, bebidas, telecomunicações, eletrônica, transporte e processamento de documentos.
Nesse relatório, Eliezer Batista, diretor executivo do CEBDS, distingue no contexto do desenvolvimento sustentável a bordagem micro ou empresarial da abordagem macro que se dá no plano das políticas e do gerenciamento do desenvolvimento sustentável
O conceito de ecoeficiência, na abordagem micro, é central na proposta empresarial para o desenvolvimento sustentável, nas palavras de Schmidheiny (1992:XIV) :

As empresas que alcançam uma eficiência ainda maior quando evitam
a poluição através de um bom gerenciamento interno de substituição de materiais, de tecnologias mais limpas e de produtos menos poluidores, e que lutam pelo uso e recuperação mais eficientes dos recursos, podem ser chamadas de ecoeficientes

No Relatório de Sustentabilidade Empresarial (1997:s/p) os princípios da ecoeficiência são:
• Redução do uso de matéria prima
• Redução da dispersão de substâncias tóxicas
• Aumento da reciclagem de resíduos, subprodutos e insumos intra e inter empresas
• Ações que conduzem à sustentabilidade de recursos renováveis como insumos
• Aumento da vida útil dos produtos.

Eliezer Batista também enfatiza , no mesmo relatório que:

... a ecoeficiência pode ser dividida em cinco diferentes termos que, juntos, a transformam num processo de grande mobilidade e não um conjunto de técnicas; que a tornam sobretudo, um caminho a ser percorrido, do que um destino a ser alcançado. A ecoeficiência é prestação de serviços; é o foco na qualidade de vida; é a consideração sobre ciclo inteiro de vida de produção; é o reconhecimento da ecocapacidade do planeta ; é a visão do processo.( Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável; 1997:s/p)

Algumas questões emergem desta abordagem`. Mesmo reconhecendo que princípios da ecoeficiência referem-se às empresas, eles são suficientes para transformar a relação destas mesmas com o meio ambiente? Quais os interesses que movem os empresários para ações de caráter ambiental? São interesses de ordem financeira, tais como: subsídios, isenção de impostos, financiamentos em agências nacionais ou internacionais,? São interesses relacionados à imagem do empresário junto à opinião pública, à imprensa ao governo, às agencias de financiamento etc.?
Finalmente questiono se a sustentabilidade do desenvolvimento num contexto de produção capitalista será uma idéia viável? Essa é uma dúvida comum a muitos e ameaça levar as esperanças ou a um impasse, ou à necessidade de análises mais profundas e decisões políticas mais radicais do que as que vêm orientando, até o momento, as discussões sobre o assunto.


As preocupações com as questões ambientais até meados do século XIX eram, segundo McCormick (1992), restritas e regionalizadas. Pouco a pouco, vão se constituindo movimentos nacionais, e finalmente internacionais. Mas o ecologismo não é um todo monolítico, convivem no seu interior tendências e correntes de pensamento, que expressam caminhos, táticas e estratégias que pressupõem posturas políticas e filosóficas diferenciadas.
Embora tenham se manifestado, anteriormente, alguns tipos de preocupação com a degradação da natureza, vários autores ,como Pascal Acot, por exemplo, consideram que o movimento ecológico teve suas raízes históricas no século XIX . Ele era então, segundo assinalam Lago e Pádua (1985), um movimento de naturalistas e artistas, de fundo romântico e conservador, preocupados em conter a destruição de áreas naturais. Predominava nessa época o preservacionismo, concepção que tem por base a idéia de que a criação de áreas virgens abertas somente a pessoas que tivesse por objetivo realizar estudos, pesquisa e recreação orientada. O objetivo era a preservação de espécies animais e vegetais.
Na atualidade para Vincent (1995:217) o movimento ecológico apresenta política e filosoficamente, duas tendências gerais. Do ponto de vista filosófico encontra-se o antropocentrismo leve , em uma das extremidades a ecologia ortodoxa no outro extremo desse espectro. A primeira salienta que os seres humanos são o único critério do que é importante. “A natureza é em geral de caráter instrumental, ou seja, as funções do mundo natural (inclusive os animais) têm valor somente para os homens ou na medida em que os homens lhe confiram o valor ”. A ecologia ortodoxa está mais próxima da chamada perspectiva holista. O valor principal é a ecosfera como um todo. “O valor é intrínseco à ecosfera; não é conferido pelos homens e, portanto, a ecosfera não pode ser usada instrumentalmente para fins humanos”. Entre esses dois pontos há uma categoria geral intermediária que pode ser subdividida em duas outras subtendências: o expancionismo moral, cujo critério de valor para esta é a senciência ou seja, animais têm valor porquê sentem, a vida não-senciente não tem valor. E o holismo relutante, que afirma que totalidades, como a comunidade biótica, possuem valor. Entretanto essas totalidades não incluem rios e montanhas. A primeira, portanto se aproxima do antropocentrismo e a segunda do holismo.
A tipologia política de Vincent (1995) distingue uma ala branda, mais reformista: são grupos conservacionistas e os grupos de preservação e de recreação. “Seu apelo principal, funda-se, geralmente, na importância da valorização e conservação de algum aspecto do meio ambiente para o benefício ou a sobrevivência dos seres humanos.” Seu apelo tem por base argumentos antropocêntricos. Na outra ponta está a ala da ecologia ortodoxa. Ela reivindica uma mudança total de valores na sociedade. Pode-se identificar também os eco-capitalistas, “que consideram que o mercado é o melhor estratagema para controlar os problemas ambientais”; os eco-socialistas, que pretendem destruir e ecologia burguesa, entendida como fenômeno reformista utópico de classe média e o ecologismo social , que se baseia na obra anarquista comunista de Murray Bookchin, tenta aliar preocupações ecológicas ao anarquismo comunista tradicional..
Herculano (1994:94) em sua tese de doutorado Entre o heroísmo e a cidadania usa o termo ecologismo para se referir ao que é percebido pelos militantes ecológicos como um “conjunto de prática e idéias não economicistas, críticas e propositivas a respeito da relação dos seres humanos com a natureza”. O ambientalismo diria respeito a uma “postura de defesa da natureza que não implicaria em maiores críticas à organização social”. Cabe salientar, entretanto, que já existem proposições de militantes e cientistas sociais no sentido de abolir essas fronteiras.
Nesse mesmo esforço classificatório, Herculano (1994:98-102) apresenta outras posições intermediárias ao longo do eixo designado por ela de ambientalista/ecologista:
Os alternativos expressam a vertente arcadiana e antiprogressista de pensamento ambientalista, herdeira do pacifismo anti-nuclear, do movimento hippie e sua contracultura. Recusam o mundo moderno, sua ciência, técnica e estilo de vida.
Os neomalthusianos centram sua preocupação na necessidade de se limitar a população humana, a fim de se evitar a degradação da qualidade de vida. Os críticos desta posição consideram que de um lado eles não propõem mudanças estruturais sociais e econômicas na sociedade, por outro lado refugam a idéia da superpopulação, pois nela enxergam uma pressão contra a população pobre do dito Terceiro Mundo.
Os zeristas são aqueles que seguem a proposição do Clube de Roma e dos técnicos do Instituto de Tecnologia de Massachussetts - MIT, que nos anos 70 acrescentaram à idéia do crescimento demográfico zero, a proposta de crescimento econômico zero.
Os marxistas que introduziram a idéia da luta ecológica como um meio para se alcançar o fim do capitalismo. As lutas de classe não estão portanto ultrapassadas, pelo contrário, se mantém, mediadas pelo meio ambiente e ampliadas para uma escala internacional.
O partido verde surgido na Alemanha, em 1983, como um anti-partido, com a bandeira da descentralização, do não-consumo, do pacifismo e da ética. Inspirado no anarquismo, o movimento verde defende a autonomia, a desconcentração, uma economia voltada para as necessidades e não para o lucro. Os partidos verdes proliferaram. Eles professam um socialismo com rosto humano e ecológico, que não se baseie na violência nem no controle estatal centralizado. Este socialismo teria como pontos básicos: a sobrevivência, a busca de justiça e de libertação da humanidade e da natureza. Parta ele a questão ecológica é primordialmente política.
Segue-se neste momento algumas referências cujo objetivo é situar em suas origens a criação do conceito de desenvolvimento sustentável.
Em 1968, se reuniu, em Roma, pela primeira vez um grupo informal constituído por trinta economistas, cientistas, educadores, industriais tecnocratas e políticos, liderados pelo Dr. Aurélio Peccei, (consultor administrativo). Desse encontro surgiu o Clube de Roma. Para eles, o crescimento econômico parecia uma categoria suspeita e adversa a uma administração racional, sendo ademais incorreto do ponto de vista ecológico. Em março de 1972, antes, portanto, da Conferência de Estocolmo, o Clube de Roma lança o relatório – Limites do crescimento  que traz, entre outras a proposta do crescimento zero. Sobre as medidas propostas, segue-se o texto extraído de McCormick (1992:88):

Se a sociedade pretendesse tomar um novo rumo, eram necessárias medidas internacionais concatenadas e planejamento conjunto de longo prazo numa escala sem precedentes; a imposição de uma interrupção no crescimento econômico e populacional não deveria conduzir a um congelamento do desenvolvimento econômico; ao contrário os países mais desenvolvidos deviam tomar iniciativa, desacelerando seu crescimento e ajudando os países menos desenvolvidos.

O relatório Limites do crescimento recomendava, entre outras coisas, uma redução de 40% no investimento industrial, 20% no agrícola, uma redução de 40% das taxas de natalidade. Peccei alertava para o mito que significava a promessa de uma elevação de padrão de crescimento e consumo e sua extensão aos países em desenvolvimento. Não chegaríamos à igualdade mas sim à destruição.
Bursztiyn (1994:91) considera que o documento do Clube de Roma foi um marco do debate mundial sobre a problemática do meio ambiente em caráter global. As propostas eram mais prosaicas do que realistas, defendiam em síntese uma moratória de crescimento econômico. Entretanto, deram um impulso a mais às discussões sobre os rumos do crescimento econômico .
A Conferência de Estocolmo, realizada de 5 a 16 de junho de 1972, embora tenha sido palco de disputa política entre os zeristas e a bancada dos 77 países em desenvolvimento, que repudiaram a proposta dos primeiros, como já foi dito, abriu espaço para acordos. Chegou-se a um consenso de que desenvolvimento e racionalidade na administração dos recursos ambientais não são objetivos incompatíveis. O crescimento econômico deixou de ser encarado como o principal causador de mazelas ambientais. Ao contrário, passou a ser visto como essencial à melhoria da qualidade ambiental e de vida, contanto que fosse sustentável.
Enquanto nos anos 60 o crescimento populacional havia sido considerado um obstáculo para o desenvolvimento econômico e social, após a Conferência de Estocolmo, argumentava-se, de modo inverso, que a falta de desenvolvimento é que poderia incentivar o crescimento populacional. Dava-se, a partir daí, uma conciliação das tendências identificadas com o conservacionismo, tecnicismo e economicismo que, ao invés de rejeitar os padrões econômicos e sociais das sociedades capitalistas, procuravam traçar uma política de compromissos, no sentido de usar os sistemas econômicos e sociais para realizar mudanças dentro do próprio sistema. Tornado slogan, o “Desenvolvimento Sustentável” definido como um novo referencial nos marcos do capitalismo passou a unir tendências importantes do pensamento ecológico, entre as quais o conservacionismo, economicistas e formuladores de políticas oficiais de vários países.
Entretanto, do ponto de vista da economia política, segundo Acselrad (1993:8) “a solução da crise ambiental, passa pela democratização do controle dos recursos ambientais e pela desprivatização do meio ambiente comum.” Pois à privatização do uso do meio ambiente estão associados os mecanismos de acumulação intensiva de capital, através dos quais o capital promove mudanças tecnológicas para aumentar a produtividade e consequentemente os lucros. “ Esta aceleração no ritmo da exploração da natureza muitas vezes termina por chocar-se com o ritmo de sua regeneração. Sob este prisma é essencial “alterar as estruturas de poder que condicionam o meio ambiente, limitando o controle do capital sobre a natureza.” Trata-se de uma luta para tornar público o meio ambiente, e é no campo da política que ele deve ser prioritariamente travada.
Como se pode ver pela pluralidade de pontos de vista arrolados, muito se tem discutido a cerca das condições e as providências necessárias à desejada correção dos rumos no trato das questões ambientais. Que a questão é fundamentalmente política e assim tem sido considerada por uma vasta gama de teóricos, também ninguém contesta, embora não se percebam as conseqüências práticas dessa convicção.
O caráter político do problema é nitidamente enfatizado por muitos. A começar pelo próprio relatório Brundtland , em vários momentos e diferentes formulações. Veja-se, como exemplo, na parte I, no capítulo Preocupações comuns , ou seja, já na primeira e segunda páginas do Relatório.

As falhas que precisamos corrigir derivam da pobreza e do modo equivocado com que temos freqüentemente buscado a prosperidade. Muitas partes do mundo entraram numa espiral descendente viciosa: os povos pobres são obrigados a usar excessivamente seus recursos ambientais a fim de sobreviverem, e o fato de empobrecerem seu meio ambiente os empobrece mais, tornando sua sobrevivência mais difícil e incerta. A prosperidade conseguida em algumas partes do mundo é com freqüência precária, pois foi obtida mediante práticas agrícolas, florestais e industriais que só trazem lucro e progresso a curto prazo.


Viajamos pelo mundo durante quase três anos , ouvindo as pessoas. Em audiência públicas especiais organizadas pela Comissão , ouvimos líderes governamentais, cientistas, especialistas, ouvimos grupos de cidadãos envolvidos em várias questões ligadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento, e ouvimos milhares de pessoas  agricultores, favelados, jovens, industriais, e povos indígenas e tribais.
Encontramos em toda parte uma grande preocupação com o meio ambiente, que não só levou a protestos como também, gerou mudanças. O desafio que nos apresenta é garantir que esses novos valores se reflitam no funcionamento das estruturas políticas e econômicas.
Esse relatório deverá incluir-se nos documentos considerados importantes na nossa investigação.
Os empresários em sua publicação Mudando de Rumo: uma perspectiva empresarial global sobre o desenvolvimento e meio ambiente, também consideram a importância da dimensão política para o desenvolvimento sustentável.

“O desenvolvimento sustentável exigirá algo mais do que previnir a poluição e improvisar regulamentações ambientais. Dado que são pessoas comuns – consumidores, comerciantes, agricultores – que de fato tomam decisões as decisões ambientais do dia-a-dia, é preciso elaborara sistemas políticos e econômicos baseados na participação efetiva de todos os membros da sociedade na tomada de decisões. É preciso que as considerações ambientais façam parte dos processos decisórios de todo os órgãos governamentais, todas as empresas e de fato de todas as pessoas.” (Schimideiny, 1992:7)

Para a apreciação crítica do assunto, no sentido sócio-político-filosófico que a temática requer, parece oportuno recorrer a três filósofos da atualidade, teoricamente afinados em planos mais gerais das questões político-sociais, bem como do ponto de vista epistemológico. Sendo aqui, particularmente, importante o seu ponto de vista sobre a transdisciplinaridade na prática das ciências sociais. E complementares em seus enfoques das sociedades contemporâneas. Refiro-me a Lukács, Morin e Castoriadis.
De Lukács parecem oportunas muitas idéias relativas à ontologia do ser social, como a das relações entre o homem e a natureza, sobretudo nos pontos que focalizam o trabalho como elemento através do qual se definem as especificidades que, paulatinamente darão forma distinta ao plano social.
De Morin, devem ser aproveitadas principalmente as contribuições de teor epistemológico, que no seu caso, se inserem num contexto de críticas de natureza sócio-políticas sobre o modo como se processam as relações entre o poder político e a prática das ciência nos dias de hoje.
Quanto a Castoriadis, sua contribuição será retirada, principalmente da sua interpretação das sociedades, do ponto de vista da sua instituição a partir do imaginário social.
Para concluir seguem-se algumas observações de Acot, referentes aos métodos adequados à ecologia.
Acot concluiu sua História da ecologia, chamando a atenção para a importância de se considerar o “sentido” nas investigações históricas, inclusive na história das ciências, pela razão de que a “história produz sentido e esse sentido é portador de indicações para a eventual ação dos homens.”( 1990:181)
De modo coerente com a idéia acima, mostra reconhecer o caráter ideológico da ciência, numa formulação que lembra muito de perto as de Morin a respeito do mesmo tema:

A ciência não é “pura” nem “aplicada”. Na sua essência , ela é atravessada pelas ideologias e marcada pelas mentalidades. Ao mesmo tempo, é tributária e geradora de técnicas. Ela é governada por instituições ao mesmo tempo em suas criações e transformações. E é, igualmente, tanto oriunda como inspiradora das demandas sociais.
Imaginemos, no que se refere à história da ecologia, a que ponto as representações gerais das relações do homem com a natureza puderam interagir com os trabalhos científicos referentes às relações entre o ser vivo e o meio ambiente, com as decisões de exploração dos recursos naturais, com as escolhas de materiais empregados e as práticas de utilização desses meios, e com a organização institucional do processo de transformação da natureza.(Acot, 1990:189)


Acot sugere, portanto, a inclusão das representações das relações gerais do homem com a natureza nas considerações históricas das ciências, Acrescenta mais adiante que “um olhar atento sobre as idéias de que o movimento das sociedades é portador... pode ser particularmente esclarecedor”(1990:191)
E a sua consideração final, nas últimas linhas da sua História da ecologia, enfatiza mais uma vez a relevância das aspirações coletivas na superação dos processos hoje em prática na exploração da natureza:

...quer sejam formulados claramente, quer sejam sentidos confusamente, os homens, de forma obstinada, aspiram a superar os obstáculos que se opõem a sua transformação, mais do que em figurantes iludidos no movimento da história, em atores esclarecidos do seu destino social. (Acot, 1990:192)

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