segunda-feira, 7 de julho de 2025

Janeiro 1973, minha primeira viagem para outro país. Viagem sem fim feita de ônibus, aproveitada minuto a minuto. Eu e meus cabelos encaracolados e o namorado barbudo fomos autuados pelas polícias do Brasil e do Uruguai, na fronteira. Ficamos uma noite na delegacia. Me apresentei como estudante e nós como alunos da escola de teatro Tablado, ninguém sabia o que era. Ficamos mais de 24 horas detidos. Medo muito medo. Mas não acharam nada, não ligaram para o Teatro. Simplesmente nos deixaram seguir. Desistimos de conhecer o Uruguai, em um banheiro da última parada trancei meu cabelo para não chamar atenção. Não me lembro quem nos indicou uma pensão, no coração da Calle Florida. Havia no prédio ao lado uma livraria muito boa, cafeteria e descolada, bares agradáveis e pessoas ótimas. Foram duas semana maravilhosas curtidos de um jeito prosaico os passeios, cafés e noites de bate papo com um jornalista.Optamos, por medo, voltar pelo Paraguai, a pior das ditaduras, Hugo Banzer. Nos vestimos com roupas caretas, cabelo trançado, Heitor com cara de estudante aplicado. Tremi, tremi de medo, medo. Ufa não aconteceu nada. Cruzamos a fronteira em um ônibus brasileiro, e com muito medo para o Paraná, a tal da Ponte da amizade, amizade com o fascismo, conversamos apenas sobre a beleza das cachoeiras, curtindo sem alardes a viagem.

1 vida e 2 amores

Quase 70 anos
3 amores 
3 três casamentos
Dos amores me casei com um.
2 deles amo até hoje 
1 morreu
O outro, não. 
Será que agora vamos?
Vou cultivar o amor adolescente que me arrebatou.
 Homem tímido.
Só de olhar me apaixonei.
Criei feridas no primeiro homem.
O segundo arrebatou-me de tal forma que andava 1000 km para ve-lo.
Não sei como acabou.
Me encontrei certa vez, estava casado e eu separada.
No Rio me mantive distante. Casado novamente, eu com namorico sem consequências.
Ontem finalmente nos encontramos. 
Buscar o amor depois de tantas dores  e realizações de ambas as partes pode ser bom.
Ainda sou romântica. 
Não consegui imaginar o quanto o tempo passou para nós dois.
Eu me vejo envelhecendo, minha imaginação não faz o mesmo com os homens que amei. 
Minhas idealizações se esboroaram, me sobrou o real.




sábado, 5 de julho de 2025

Coração de sangue

 

Dormi feito rocha

Acordei feito sol

Voei feito pássaro

Conversei histórias de antes

Cortei, faca amolada

Salada

Farofa

Samba no pé

Coração de sangue?

23-02-2004


Alma vulcânica

 

Dormi feito rocha

Acordei feito o sol

Voei feito pássaro

Conversei história de antes.

Salada, farofa, samba no pé.

Coração de sangue

Duas horas da manhã, saudades de você, menino bonito de alma vulcânica,

Cabeça brilhante e alma vulcânica de alma pensante.

Bondade de anjo, descoberta ao acaso, no ocaso.

Vai como pégaso, direto ao peito, pulmão e corpo.

Pensa ser só mente, mas age coração.

Goiás, estradas, risos com lágrimas.

Boa noite.